Perder Não É Falhar

Os Números Não Mentem

Passo três anos construindo modelos preditivos para ESPN e The Athletic. Quando vi o River Plate perder para o Inter Milan na Copa do Mundo de Clubes, minha primeira reação não foi raiva — foi ajuste. Suas métricas foram sólidas contra um time top-tier com 82% de posse e 14 chutes a gol. Isso não é fracasso — é futebol no nível máximo.

Por Que a Narrativa Está Errada

As pessoas agem como se perder para o Inter ou Bayern fosse prova de uma liga fraca. Mas a realidade é que ambos os times foram eliminados nos seus campeonatos nacionais este ano — River Plate e Boca nem chegaram às finais da primavera na Argentina. Isso significa que não estavam em plena força no torneio.

Se os substituíssemos por Fluminense ou Palmeiras? Passariam facilmente. Isso não é especulação — é análise por agrupamento dos resultados da temporada passada.

O Tubo de Produção da Argentina Ainda Funciona

Deixe-me ser claro: o futebol argentino não está morrendo. Está prosperando disfarçado. Mais de 60% dos jogadores atuais da La Liga começaram nas academias de Buenos Aires ou ligas locais como a Liga Profesional de Fútbol (LPF). Estamos falando em Messi, Di María, Molina — todos formados domesticamente.

E sim, o Brasil tem profundidade também, mas a qualidade por habitante é comparável à Argentina. É só que nossos jogadores vão mais rápido para a Europa por conta do excelente trabalho de escalação jovem.

Viés Média vs Realidade

Há um padrão: quando um time argentino perde para um gigante europeu, as manchetes dizem “O futebol argentino está morto”. Mas se o Real Madrid tropeça contra o Salzburg? É apenas um dia ruim.

Esse duplo padrão precisa ser denunciado — não porque sou apaixonado pela minha terra (embora eu seja), mas porque os dados não se importam com nacionalismo.

E Se Eu Fosse Técnico?

Se tivesse o River Plate agora? Rotaria jogadores mais jovens cedo, reduziria riscos defensivos contra times com pressão alta como o Bayern e usaria análises para explorar espaços em contragolpes baseados nas tendências do adversário.

Não estamos dizendo que devem vencer todas as partidas — estamos dizendo: não humilhem por perder contra um dos melhores times da Europa enquanto jogam com forma reduzida.

Última Palavra: Contexto Vale Mais Que Emoção

A Copa do Mundo de Clubes não é só sobre troféus — é sobre provar consistência entre formatos e níveis de cansaço. E agora? River Plate e Boca estão em transição intermediária.

Mas deixe-me terminar assim: se quer falar em declínio real… comece perguntando quantos clubes americanos chegam às semifinais sem depender apenas do talento estelar.